STEVE BANNON: A Manipulação e Análise de Dados ( Cambridge Analytica) Como um Detalhes das Campanhas Políticas by Ihering Guedes Alcoforado
A sociedades contemporâneas estão se digitalizando, e quanto mais se digitalizam, mais importância adquirem os dados e, nesse processo os dados pessoais estão convertendo-se em parte integral da digitalização da sociedade. Os dados digitalizados são nossa nova eletricidade, e, em si, não são um problema, existe um potencial incrível de coisas que podemos fazer com eles.
O que a CA (Cambridge Analytica) tem exposto pode ter uma dupla apreensão. Uma é ótica da politica regulatória das fronteiras tecnológicas, locus no qual os graus de liberdade decorrentes das lacunas regulatórias que foram exploradas pela Cambridge Analytica é uma expressão do fracasso em por limites no uso dos dados digitalizado, não só dos nossos legisladores, mas também de nós como sociedade,sinalizando os desafios postos nessa nova fronteira regulatória. A outra é a perspectivas das novas campanhas políticas nas sociedades em processos avançados de digitalização e virtualização, apreensão a qual me restrinjo nessa nota, deixando para outra oportunidade, o trato dos desafios postos a pratica regulatória na fronteira tecnológica
O ponto de partida para se ter uma avaliação do que significa os procedimentos adotados pela Cambridge Analytica na configuração das campanhas politicas nas sociedades em processo avançado de digitalização é o que quanto mais se digitalizam, mais importância adquirem os dados e, nesse processo os dados pessoais são convertidos em parte integral da digitalização da sociedade.
Nesse novo cenário digitalizado a campanha política focada em coletivos concretos indecisos é requalificada por três novas possibilidades que devidamente exploradas constituem os três passos das novas campanhas políticas, nas quais chamo atenção que os procedimentos adotados pela Cambridge Analytica com relação a manipulação e análise dos dados do Facebook é de grande importância, embora não se deva desconsiderar que um detalhe em um processo mais amplos viabilizado pela digitalização e que gera um conjunto de possibilidades e de novos procedimentos nas campanhas políticas.
A primeira possibilidade é o uso de algoritmos de manipulação e analise de dados na elaboração de grande numero perfis da população alvo, e, a sua segmentação em pequenos grupos. A segunda possibilidade é a criação de uma realidade voltada para cada um desses grupo que se sabe, em função do seu perfil, ser mais suscetível de entrar em teorias conspiratórias e, assumir as narrativas fundadas em fake news e nas informações que parecem notícias. A terceira possibilidade é acoplar grupos políticos ou candidatos a essas narrativas.
A primeira possibilidade, corresponde ao primeiro conjunto de procedimentos: é a pesquisa com métodos qualitativos, em especial o “focus grupos” “deep state” e das “paranóias” dos clusters de perfis (os sub grupos da população alvo). Os resultados do focus group, mesmo não sendo generalizáveis permitem extrair pequenos traços das coisas que, em seguida são testadas quantitativamente. Esses resultados são subsídios básico na calibragem do perfilamento do grupo de pessoas mais receptivas as teorias conspiratórias que vão si identificar com as narrativas. E, assim se estabelece a “mente coletiva” a ser alimenta e manipula ao longo do tempo, e, não apenas no período da campanha.
A segunda possibilidade enquanto criação de uma narrativa plausível corresponde ao segundo conjunto de procedimentos: a criação de blogs ou webs alimentados por fatos que parecem noticias e até mesmo por notícias falsas, e que são direcionados as pessoas mais receptivas ao pensamento conspiratório identificadas na etapa anterior, as quais logo passam a admitir que a mídia tradicional esconde algo. Capturado o coração e a mente do público alvo por meio da teoria conspiratória, passa-se a construção das narrativas, o que envolve moldá-las, a partir de uma tendência cultural com as quais o público alvo se identifica em função das suas afinidades culturais, morais e afetivas; o que implica algumas vezes a própria promoção da tendência cultural ou da moda em consideração. Afinal politica e moda são a mesma coisa, já que expressa nossa identidade e nosso posicionamento na sociedade
A terceira possibilidade, acoplar grupos político a essas narrativas corresponde ao terceiro passo da campanha: é associar a narrativa a um um candidato.
Um exemplo emblemático (talvez seminal) dessa estratégia foi a fabricação da ALTRIGHT (Direita alternativa) por Steve Bannon com o apoio de Robert Mercer (Co-proprietário da CA e mecenas da ALTRIGHT e que levou Donald Trump à Presidência dos Estados Unidos, em cuja experiência extraimos a esquematização acima. Um detalhe relevante deste componente das novas campanhas políticas é sua forma de financiamento: o apoio se expressa num investimento na organização não governamental ou empresa, e não por meio de uma doação aos partidos políticos.
.