SABIA (Sociedade dos Amigos da Biblioteca Municipal Profa Maria Lira)/TEORIAS EDUCACIONAIS — A Pedagogia Crítica de Henry Giroux I
O programa de de Giroux pode ser divido em duas etapas principais. Nesta nota me restrinjo a primeira, a qual é marcada por seus ensaios sobre classe social e instrução escolar escritos no final dos anos 1970.[1]
O objetivo é mostrar seu desconforto com os trabalhos da escola crítica da época que continuavam sendo tributário de um certo determinismo causal e de uma marxismo economicista, a exemplo dos programas de William Pinar, Jean Anyon e Michael Apple, cujas analises político-econômica foram limitadas em decorrência do uso de um conceito reducionista de reprodução social arraigado no marxismo ortodoxo.
A insatisfação com marco analítico assentado no marxismo ortodoxo, o levou a considerar como mais complexas as relações entre o que acontecia nas salas de aula e o político, social, moral e econômico da sociedade em geral. Esse ‘desvio” de Giroux pode ser explicado, em boa parte, pela assimilação de múltiplos insights. De um lado,da nova sociologia do conhecimento desenvolvida a partir do trabalho de Michael Young e Basil Bernstein na Inglaterra. Do outro lado, dos escritos de Raymond Williams, e dos trabalhos inovadores Stuart Hall, Richard Johnson, Paul Willis e outros pesquisadores do Centro de Cultura Contemporânea Estudos na Universidade de Birmingham sobre as culturas juvenis, os quais convergiram suas influências na decisão de Geroux reconhecer a centralidade da dimensão cultural.
Neste período os interesses teóricos de Giroux foi extendido aos escritos do teórico italiano Antonio Gramsci, do pedagogo brasileiro Paulo Freire e dos representantes da primeira geração da Escola de de Francfort de Teoria Critica, especialmente Theodor Adorno, Max Horkheimer, Herbert Marcuse e Walter Benjamin.
Em função dessas influências, a compreensão de Giroux da relação dialética entre estrutura ação social e humana posiciou-se claramente contra a) a ideia de que os sujeitos os humanos não fazem nada além de refletir uma certa essência inata e a-histórica, e também contra b) a ideia de que os referidos susjeitos são meras vítimas passivas presas na teia de formações ideológicas.
Vale sublinhar que Giroux dotou agentes sociais com o capacidade de transcender a localização histórica atribuída a eles por sua herança cultural e, passou a ter o entendimento que os indivíduos não sucumbem ao inevitabilidade de uma tradição que os mantém prisioneiros de ideias e ações predefinidas, pois são capazes de usar o conhecimento crítico para alterar o curso dos eventos históricos e, assim, os indivíduos passaram a ser considerados como produtores e produtos
da historia.
Este posicionamento foi uma reação a falta de senso crítico manifestado pela doutrina marxista tradicional em relação ao conceito de cultura, o que no entendimento de Giroux constituia um obstáculo para uma compreensão clara de como é produzido, veiculado, legitimado e rejeitado o significado no
escolas e outras instituições educacionais. No entanto, Giroux continua a considerar a esfera econômica e relações sociais de produção como objetos da análise crítica, embora esses conceitos não possam mais suplantar aqueles da cultura e do poder ao explicar as estruturas
história de dominação e luta.
Ao mesmo tempo, Giroux entender que o fato de subestimar a existência da luta anti-hegemônica no campo da cultura escolar faz com que os críticos educacionais apareçam geralmente como conselheiros do desespero, indo contra a corrente do que, segundo Giroux, deveria ser o objetivo de uma análise verdadeiramente crítico do ensino escolar: ir além da explicação do que , se propor moldar, por meio de golpes de pensamento crítico, o que poderia ser.
NOTAS
[1] A segunda fase do programa de Giroux é caracterizada por seu crescente interesse, no início da década de 1980, pelo tema da ação e
resistência do aluno.
REFERÊNCIAS
MCLAREN, Peter., Prefacio — Teoría Critica y significado de la esperanza.IN GIROUX, Henry., Los profesores como intelectuales: hacia una pedagogía crítica del aprendizaje.