SABIA (Sociedade dos Amigos da Biblioteca Municipal Profa Maria Lira)/TEORIAS EDUCACIONAIS — Edgar Morin e os Eixos Transdisciplinares
A estratégia e os programas em devir da SABIA envolve direta e/ou indiretamente a educação. E como o ato de educar envolve conteúdos diversos e não necessariamente alinhados, torna-se necessário estabelecer o portfólio de conteúdo a ser promovido. Uns são estabelecido pela legislação, a exemplo dos contemplados pela BNCC, e, outros são determinados pela mesma legislação como opcionais a exemplo dos possíveis de ser introduzidos nos “itinerários formativos”.
Sejam obrigatórios, sejam opcionais estes conteúdos devem ser legitimo, o que não deve ser confundido como legal. E essa legitimidade se origina de esfera distinta da legalidade já que em tese é cultivada no âmbito da sociedade e, pode ou não, avançar na esfera do estado.
Neste sentido sentido ressalto que para Edgar Morin um dos principais objetivos da educação é ensinar valores, até porque eles são incorporados pela criança desde muito cedo. Com o que todos concordam, seja na esfera do estado como na esfera da sociedade. A divergência é estabelecida na definição de que valores a educação deve ensinar.
Para Edgar Morin, os jovens têm de conhecer as particularidades do ser humano e o papel dele na era planetária que vivemos” e, para ele acredita que a reflexão compartilhada de algumas duvidas eternas tais como Quem somos, de onde viemos e para que estamos aqui? É o suficiente para instigar a curiosidade dos pequenos e permitir que eles comecem a se localizar no seu espaço, na comunidade, no mundo e a perceber a correlação dos saberes.
Um detalhe importante é que para Edgar Morin as questões não precisa ser respondida. É a investigação e a pluralidade de possíveis caminhos o que importa, já que é ela instiga a curiosidade das crianças e não a mata, como frequentemente faz a escola.
No seu entendimento o sistema educacional não contribui para este conhecimento, isto porque “[…] fragmenta a realidade, simplifica o complexo, separa o que é inseparável, ignora a multiplicidade e a diversidade.”
Uma manifestação perversa se manifesta no próprio ensino da literatura, que segundo ele “decupando-a em partes pequenas e analisando minuciosamente o seu vocabulário, em vez de dar mais valor ao sentido do texto, à sua ação.” A despeito de que, segundo ele, “Nada retrata melhor a problemática humana do que as grandes obras literárias.“
Os saberes transmitidos nas escolas “não devem assassinar a curiosidade. A educação deve ser um despertar para a filosofia, para a literatura, para a música, para as artes. É isso que preenche a vida. Esse é o seu verdadeiro papel.”
O que de certa forma justifica sua crítica a estrutura curricular dominante, ao afirmar que:
“[…] as disciplinas como estão estruturadas só servem para isolar os objetos do seu meio e isolar partes de um todo. Eliminam a desordem e as contradições existentes, para dar uma falsa sensação de arrumação.”De forma que para ele, “a educação deveria romper com isso mostrando as correlações entre os saberes, a complexidade da vida e dos problemas que hoje existem”.
Na visão Edgar Morin o processo de ensino-aprendizagem deve ser interdisciplinar, ou seja, constituídos em eixos transdisciplinares, o que ilustra com a leitura de Guerra e Paz, de Tolstói:
“O professor de Literatura pode pedir a seu colega de História para ajudá-lo a situar a obra na história da Rússia. Pode solicitar a um psicólogo, da escola ou não, que converse com a classe sobre as características psicológicas dos personagens e as relações entre eles; a um sociólogo que ajude na compreensão da organização social da época. Toda grande obra de literatura tem a sua dimensão histórica, psicológica, social, filosófica e cada um desses aspectos traz esclarecimentos e informações importantes para o estudante. Todo país tem suas grandes obras e certamente também os clássicos universais servem para esse fim.”
Ou seja, para Edgar Morin o professor “[…] deve ter consciência da importância de sua disciplina, mas precisa perceber também que, com a iluminação de outros olhares, vai ficar muito mais interessante”, o que demanda uma NOVA CULTURA.
BIBLIOGRAFIA
MORIN, Edgar., O verdadeiro papel da educação IN Revista Prosa Verso e Arte. https://bit.ly/3AUfkoH