RAUL RUIZ COMO CRÍTICO
UM ENQUADRAMENTO DA CRÍTICA REFLEXIVA DE RAUL RUIZ
A critica cinematográfica pode ser estruturada a partir de um diálogo tanto com os agentes que atuam no ex ante do filme, como de uma interação com a platéia que interage no ex post.. No primeiro caso a crítica é endógena e desconsidera o expectador e, a partir do filme estabelece um diálogo com o ex ante e assume um caráter normativo, quando. mesmo que seja de forma não explicita, enfatiza como devia ser um filme em particular, ou mesmo o próprio cinema, o que comumente reflete idéias pré concebidas: 1) a crítica ex ante normativa. Ainda nesse primeiro grupo, destaco o grupo que se volta para o publico que se relaciona ex ante com o filme, mas em vez de assumir um orientação normativa, a crítica assume um caráter reflexivo sobre o fazer, o produzir o filme, ou mesmo sobre a natureza do cinema: 2) a crítica ex ante reflexiva.
A outra grande família de críticos tem uma orientação exógena e é formada por aqueles focam o ex post do filme, ou seja, buscam estabelecer um dialogo com a platéia, e também se bifurca em duas linhagens: 3) critica ex post positiva que busca ressaltar os fatos, isto é, os planos e a narrativa e comumente tem em vista como leitor os cinéfilos e 4) a crítica ex post reflexiva que busca estabelecer um dialogo não com os cinéfilos (e muito menos com os profissionais do cinema), mas com um tipo especial expectadores aqueles “que dispõe do cinema como se dispõe de um espelho, ou seja, como instrumento de especulação e de reflexão, ou como máquina para viajar no tempo e no espaço.” Raul Ruiz é uma expressão emblemática deste último tipo de critica. [RUIZ, 1995:13]