POLÍTICA DE TRANSPORTE E A CONSCIÊNCIA POSSÍVEL: A Superação dos Consensos Excludentes
IHERING GUEDES ALCOFORADO
A política de transporte, em especial a de transporte urbano, é um campo que se caracteriza pela presença de dois consensos excludentes. De um lado, temos os pesquisadores que convergem na modelagem dos problemas e no seu equacionamento, a exemplo dos problemas de mobilidade e de acessibilidade. Do outro lado, temos os políticos e os usuários que convergem no sentido de refutar tanto o diagnóstico como a solução para os problemas. O resultado é a configuração de um problemas complexos, os ditos wicked problems.
Nesta nota proponho uma estratégia de enfrentamento deste meta problema a partir da exploração das possibilidades em latência no conceito de “consciência possível” tanto no âmbito politica como mediação de interesse e mobilização de expectativas (politics) como da política pública (policy) enquanto o atendimento das referidas expectativas.
Com este propósito, na primeira parte, introduzo a problemática da mobilidade e da acessibilidade por meio das modelagens e propostas de enfrentamento, chamando atenção para os consensos excludentes. Na segunda parte introduzo o conceito de “consciência possível” e evidencio suas possibilidades tanto analíticas como políticas. Por fim, sugiro sua instrumentalização no equacionamento da problemática da mobilidade e da acessibilidade urbana.
- Mobilidade e Acessibilidade Urbana: Uma problemática complexa
2. Consciência Possível
O conceito de “consciência possível” é muito estudado e usado no campo da política (politics) rvolucionária e, já foi considerado por Lucien Goldmann como constituindo “a mais fecunda descoberta marxista contemporânea e permanece ao mesmo tempo, o centro do pensamento marxista contemporâneo e um dos principais conceitos operacionais para o estudo da sociedade.”E, embora seja utilizado “de modo mais empírico que metódico” e não se saiba “exatamente as regras a aplicar” é bem estabelecida “a grande distinção entre consciência real e consciência possível”[GOLDMANN, 1972:7–8]
Uma forma de enquadramento da apreensão da consciência seja na sua manifestação real ou possível é a consideração como uma ‘consciência receptora” a partir do que se pode distinguir duas “séries de informações”, a i) aquelas que passam ii) daquelas que não passam em razão da estrutura, seja da informação, seja da consciência. Esta qualificação justifica o fato que “quem olha do exterior e compara o que foi emitido com o que foi recebido constata que apenas uma parte da emissão foi recebida e que mesmo essa parte, ao nível da recepção, adquiriu uma significação assaz diferente do que fora enviado”, a partir do que se configura a consciência real e a consciência possível: dois planos da consciência.[GOLDAMNN, 1972:8]
A clivagem acima da consciência oferece um “norte” na nossa abordagem de “todo fato humano, individual ou social, que se apresenta efetivamente como um esforço global de adaptação de um sujeito a um mundo ambiente, isto é, como um processo orientado para um estudo de equilíbrio que permanece provisório à medida que será modificado pela transformação do mundo ambiente, devida, simultaneamente, à ação do sujeito no interior desse estado de equilíbrio e à extensão da esfera dessa ação.”[GOLDMANN, 1972:12]
Ao tempo em que também evidencia a centralidade da distinção do conceito de “consciência real” do conceito de “consciência possível” como critério de classificação dos policy makers em dois grupos: De um lado, os policy maker que “apenas se interessam pelo que as pessoas efetivamente pensam”, isto é, a “consciência real”. Do outro lado, os policy makers que mesmo tendo conhecimento da “consciência real” do grupo, voltam seu interesse para “mudanças suscetíveis de se produzirem na sua consciência, sem que haja modificação na estrutura essencial do grupo”, ou seja, a “consciência possível” do grupo.
Os policy makers focado na “consciência possível’ de um grupo deve ter pleno conhecimento das “possibilidades de transmissão da informação”, o que é possível a partir da distinção de dois tipos de informações: i) a série de informações tendente a mudar-lhes a consciência. e ii) a série de informações impossível de ser assimilada, dado que compromete a existência do próprio grupo ou a integridade do sujeito..
Resumindo com as palavras de Lucien Goldman:
“É, realmente, importante para quem quer que deseje intervir na vida social, saber quais são, num dado estado, numa dada situação, as informações que se podem transmitir,quais as que passam sofrendo deformações mais ou menos importantes e quais as que não podem passar.”[GOLDMANN, 1972:10]
Em função do expresso acima L Goldmann propõe dois tipos de recomendações: i) um se reporta ao recorte a ser dado ao objeto de pesquisa. b) o outro se remete aos tipos de informações possíveis ou não de ser assimiladas.
Uma aproximação ao recorte analítico. Com relação ao recorte analítico L Goldmann assinala que “toda tentativa de separar um domínio particular de um processo de equilíbrio (do sujeito a um mundo ambiente) pode ser um método útil para a compreensão e a pesquisa”. Mas, com a ressalva: “à condição de permanecer provisório e de ser corrigido ulteriormente pela inserção do objeto estudado nos principais conjuntos pertinentes dos quais ele traz parte.” [GOLDMANN, 1972:12]
Aqui Goldmann ressalta que “o caráter relativo e provisório de toda separação torna-se particularmente importante, pois a dificuldade de transmissão de uma informação pode resultar não de seu conflito com o comportamento do setor estudado, mas do conflito com as repercussões que pode ter o funcionamento deste setor sobre os processos que se desenvolvem num outro setor provisoriamente eliminado pela pesquisa.[GOLDMANN, 1072:13] [1]
L Goldmann chama atenção para a a possibilidade de mais uma distinção provisória: a da ação do homem sobre o mundo exterior, ressaltando que “essas duas formas de ação reagem uma sobre a outra e que toda transformação do mundo ambiente arrasta uma transformação do sujeito individual ou coletivo, e vice-versa.”[GOLDMANN, 1972:13] Aqui ele introduz um adendo particularmente importante para as condições de elaboraçãoe transmissão de mensagens pelo policy makers:
“A vida da sociedade não constitui um todo homogêneo; compõe-se de grupos parciais em meio aos quais as relações são múltiplas e complexas. De uma maneira bastante esquemática e global, poderíamos defini-las como um conjunto de conflitos e colaborações.”
As implicações deste adendo são de grande relevância para o policy maker, isto porque, ainda segundo L Goldmann:
“[…] a vida de cada um desses grupos constitui um conjunto de processos orientados para um equilíbrio específico e, por conseguinte, o setor consciente desses processos será estruturado por um grupo de valores específicos e particulares. Ora, é possível que a tomada de consciência de uma determinada informação, mesmo quando confoá rme às categorias mentais da consciência do grupo favorável ao equilíbrio para o qual é orientado, possa ter conseqüência altamente prejudiciais à realização desse equilíbrio, se ela se produz também na consciência dos outros grupos sociais que constituem a sociedade global.”
Daí a origem do fato que situações como essa engendrarem “fenômenos ideológicos” na elaboração, na transmissão e na recepção de certo número de informações” [GOLDMANN, 1972:14] [2]
Uma Aproximação às Dificuldades de Comunicação Decorrentes da Natureza da Informação e do Processo. Para avançar neste âmbito é necessário considerar que “na medida em que os vínculos entre a estrutura do grupo social e as dificuldades de transmissão da informação são de dois tipos diferentes podem, na realidade, resultar i) do fato de que a informação ultrapassa os quadros categoriais que estruturam a consciência coletiva do grupo.[….] ou, ii) do funcionamento do conjunto de processos no qual se assenta a vida dos homens e dos grupos sociais, “funcionamento sempre ligado de maneira imediata ou mediatizada à tendência do sujeito individual ou coletivo de manter a sua estrutura de agir no sentido de equilíbrio.”[GOLDMANN, 1972:12]
Uma Aproximação a Natureza das Informações e as (Im)possibilidades de Assimilações.
i) as informações que não passam por “falta de informação prévia”, mas ressalta que não “basta ser honesto e fornecer ao parceiro todos os esclarecimentos necessários para que a recepção se efetue em boas condições”, isto porque, no seu entendimento “ há problemas de informações que se situam noutros níveis e dificuldades de transmissão que não se prendem à insuficiência de informações prévias.”; [GOLDMANN, 1972:10]
ii) A informações que não passam ou são distorcidas em função da “estrutura psíquica dos indivíduos”… resultantes de sua biografia, que fazem com que seu eu consciente se torne impermeável a certas informações e atribua um sentido deformado a certas outras.”. Assim, “para que a informação possa passar, é, no caso, necessário operar uma transformação da consciência num plano puramente psicológico, independente de toda mudança social” o que pode ser feito por “um tratamento psicanalítico” [GOLDMANN, 1972:10]
iii) As informações que não passam em função da estrutura da consciência real do grupo resultante de seu passado e de múltiplos acontecimentos que agiram sobre ela. Uma possibilidade de transformação real que não repõe em discussão a existência do grupo. [GOLDAMAN, 1972;11]
iv) As informações que não são transmitidas em decorrência de por em risco a própria existência do grupo social, ou seja, informações cuja transmissão é incompatível com as características fundamentais deste ou daquele grupo social. Tais informações vão além do que Karl Marx chamava os limites da consciência possível, isto é, ultrapassam o máximo da consciência possível do grupo.. Para Lucien Goldmann “é o caso em que, para obter a transmissão, o grupo, na qualidade de grupo, deve desaparecer ou transformar-se, a ponto de perder suas características sociais essenciais.”[GOLDMANN, 1972:11]
Diante desta constatação Lucien Goldmann sugere que “ deve sempre perguntar-se quais são as categoriais intelectuais fundamentais, qual o aspecto específico dos conceitos de espaço, de tempo, de bem, de mal, de história, de causalidade, em que medida essas categorias estão ligadas à sua existência, quais são os limites do campo da consciência que elas engendram e, enfim, quais são as informações situadas além desses limites e que não podem ser recebidas sem transformação social fundamental.”[GOLDMANN, 1972:11]
Essa problemtização põe em tela a distinção provisória da “ação do homens sobre o mundo exterior”, com a ressalva que “essas duas formas de ação reagem uma sobre a outra e que toda transformação do mundo ambiente arrasta uma transformação do sujeito individual ou coletivo, e vice-versa.” [GOLDMANN, 1972:13]
Ao tempo em que adentra no “relativismo” factual: “a distinção de elementos subjetivos e objetivos em uma mesma informação é sem dúvida importante, mas tem apenas um valor relativo.” Isto porque, para o policy maker enquanto um “psicosóciologo” no rastro de L Goldmann deve considerar que
“[…] todo elemento subjetivo, mesmo o mais valorizante ou o mais discordante, constituti. na qualidade de fato psicosocial, uma sociedae objetiva, e, inversamente, toda constatação, por rigorosa que seja, se passa nointerior de uma consciência e, por isso mesmo, se reconhece ser um fato subjetivo ligado a um processo de equilibrio orientado por um objetivo.” [GOLDMANN, 1972:13]
O que leva a constatação da universAlização da consciência possível dado que
“[..]todo grupo tende, a conhecer, de maneira adequada, a realidade, mas seu conhecimento não pode ir senão até um limite máximo compatível com a sua existência. Além desse limite, as informações poderão passar se se conseguir transformar a estrutura do grupo, certamente como no caso dos obstáculos individuais em que só poderão passar se for transformada a estrutura psíquica do individuo.” [GOLDMANN, 1972:12]
Enfim, segundo L Goldmann nos “limites da consciência possível’ encontra-se
[…] “um conceito fundamental para o estudo das possibilidades de comunicação na vida social, conceito de considerável importância operatória, mas insuficientemente estudado no momento. Os métodos que permitem utilizá-lo estão ainda apenas delineados.”[GOLDMAN, 1972:12]
E, tendo como pano fundo as possibilidades analítica da “consciência” nas suas multíplas manifestações L Goldmann e, como premissa “o caráter puramente empírico das regras que podemos indicar para a utilização do conceito de máximo de consciência possível” ele enumera “três princípios particulares importantes” a ser seguidos no isolamento das estruturas sociais essenciais tendo em vista evidenciar o conceito de máximo de consciência possível:
i) As diferentes situações envolvendo a elaboração e a transmissão de informação concernente à natureza físico-química (e mesmo biológica) e à vida psicológica social e moral. Na física por exemplo, as dificuldades de transmissão da mensagem são grandes, mas raramente se ligam ao máximo da consciência possível. [3] Entretanto,para L. Goldmann, desde que se trate de fatos humanos, os fins conscientes ou não conscientes tornam-se casos particulares; e isto quer dizer a estrutura das consciências exige, para as razões a que já nos referimos, a) o desenvolvimento e a transmissão de certas mensagens, b) a deformação de certas outras e iii) o impedimento da elaboração e da transmissão de toda uma série de mensagens que entram em conflito com a realização desses objetivos.. E essas três categorias de informação, bem entendido, não coincidem de um grupo a outro. Quer dizer: a extrema complexidade do estudo da transmissão das mensagens assenta sobre os diferentes aspectos da vida dos homens.” [GOLDMANN, 1972:14–15]
ii) “O conceito de máximo de consciência possível está baseada na hipótese inicial de que todos os fatos humanos constituem processo de estruturação significativo orientado para equilíbrios provisórios e dinâmicos”. Mas, “como na partida, os fatos humanos não nos são dados sob essa forma e sim como um aglomerado de dados parciais que podem ser constatados empiricamente e enumerados, mas cuja estrutura é muito difícil demarcar”, L. Goldmann admite que “mesmo depois de havermos feito nossas pesquisas de maneira tão honesta quando possível, que, se não obtemos tal estrutura, se o objeto estudado não se torna significativo, é porque está mal trinchado (recortado)” [GOLDMANN, 1972:15]
O que evidencia a centralidade dos recortes para
“[…] enquadrar o objeto estudado de maneira que se possa estudá-lo como desconstrução de uma estrutura tradicional e como nascimento de uma estrutura nova”, ao tempo em que sinaliza que os “recortes gerais” são desprovidos de valor operatório à medida que nos levam a estudar objetos que não são estruturas significativas.” [GOLDMANN, 1972:16]
Para Goldmann, as estruturas significativas e seus vínculos internos são um fenômeno de compreensão, mas como também são estruturas parciais numa estrutura mais vasta, nestes outro plano elas também tem um valor explicativo. Daí ele sugerir o emprego deste método de combinação da compreensão das estruturas parciais e a explicação das estruturas englobadas:
“O emprego deste método que outorga um valor privilegiado aos proc“essos de equilibrio orientdos não para certos objetivos parciais, mas para a organização global das relações mútuas entre os homens e a natureza, constitui uma primeira regra no esforço de delinear, em cada caso concreto, a gênese e os limites do máximo de consciência possível.”[GOLDMANN, 1972:16]
iii) As obras filosóficas, literárias e artísticas revelam ter um valor especial para a pesquisa e para os homens em geral porque “[…] se aproximam do máximo de consciência possível desses grupos sociais privilegiado cuja mentalidade e cujo pensamento e comportamento são orientados no sentido de um visão global do mundo. Dado que, essas obras “[…] correspondem a isso para que tendem os grupos essenciais da sociedade, a esse máximo de tomada de consciência que lhe é acessível”, o seu estudo é eficaz “[…] para o conhecimento de um grupo e o máximo de adequação à realidade que ela pode aringir.[GOLDMANN, 1972:17]
Enfim, para o estudo da vida social em geral e a da transmissão de mensagens em particular, L Goldmann recomenda que o pesquisador
“para ser científico deve perguntar-se não o que pensa hoje tal membro do grupo social […] mas qual é o campo de consciência em cujo interior este ou aquele grupo de homens pode, sem modificar sua estrutura, variar suas maneiras de pensar sobre esses problemas e, em resumo, quais são os limites que sua consciência da realidade não pode ultrapassar sem uma profunda transformação social prévia.”
Na mesma direção, ele admite que,
‘[…] o conceito de consciência possível nos conduz ao centro dos problemas da compreensão da vida social”, mas reconhece que mesmo dispondo “de alguns elementos metodológicos, ainda há muito que fazer para esclarecer um pouco tais problemas”.[GOLDMANN, 1972:17]
Um desses problemas pode ser considerado os “consenso excludentes” no campo dos transportes que bloqueia a instrumentalização dos consensos científicos neste campo, a exemplo do que se manifesta no âmbito do pedágio urbano no enfrentamento dos transportes.
NOTAS
[1] L Goldman exemplifica com a história das ciências físicas e sociais que podem ser recortadas/abordadas como um conjunto puramente intelectual, o que do ponto de vista científico pode ser extremamente útil. Assim elimina-se provisoriamente suas conseqüências praticas. Mas, como “toda teoria cientifica tem, no plano social, conseqüências práticas” que “em se tratando de ciências humanas, são de tal natureza que arriscam entrar em conflito com os fins práticos para os quais se orienta um grupo social, num momento dado, dificuldades que vão repercutir tanto na elaboração da teoria quanto — uma vez elaborada a teoria — nas possibilidades de a fazer entrar na discussão, isto é, na transmissão da mensagem.”[GOLDMANN, 1972:13][2]
[2] Aqui L Goldmann faz um contraponto entre a “má fé” e o “fenômeno ideológico”. A “má-fé” “é um fenômeno individual só encontrado de maneira absolutamente excepcional e provisória nos grupos sociais extremamente restritos”; enquanto o “fenômeno ideológico” implica em “consideráveis distorções na elaboração, na transmissão e na recepção de certo número de informações.[GOLDMAN, 1972:14]
Embora no seu entendimento “o pensamento físico-químico, bem entendido, não me parece independente da estrutura física e intelectual do homem e do universo”. [GOLDMANN, 1972:14]
BIBLIOGRAFIA
GOLDMANN, Lucien., 1959 “Conscience reelle et conscience possible: conscience adequate et fausse conscience” IN (1959),Marxisme et sciences humaines (Paris, 1970) pp 121–129.
GOLDMANN, Lucien., 1972 A Importância do Conceito de Consciência Possível Para a Comunicação IN A Criação Cultural na Sociedade Moderna (Por uma sociologia da totalidade). São Paulo: Difusão Européia do Livro. 1972
Gabel, J. (1976). Utopian Consciousness and False Consciousness. Telos, 1976(29), 181–186
“Following Lukacs, Lucien Goldmann was very interested in the problem of false consciousness, though he did not make it the central theme of his works.[GOLDMANN, 1959] While to my mind he had a debatable interpretation of the question, he did have the merit of posing an important problem. Goldmann essentially saw the phenomenon of false consciousness as a collection of errors — inadequate theories — conditioned by the given sociological situation. From this perspective the theory of false consciousness would be situated in the trajectory of the sociology of knowledge and of epistemology. For me, on the contrary, false consciousness indeed appears to be a form of inadequacy, but one which goes beyond the notion of error. It is a type of insane {de’lirant) — more precisely, schizophrenic — inadequacy. Consequently its study should be situated as an extension of the theory of alienation and of psychopathology and only indirectly concern epistemology and the sociology of knowledge. [GABEL, 1976:181]