PINTURAS E PLATIBANDAS DE ANNA MARIANI— Ihering Guedes ALCOFORADO
A coleção de Pinturas e Platibandas de Ana Maria Mariani tornou-se de acesso público graças a iniciativa do Instituto Moreira Sales (IMS) ao publicar um belo livro sobre a mesma, o qual irei doar a Biblioteca Profa. Maria Lira na minha próxima ida a Belém.
Justifico esta decisão por está convicto que ela provocará um choque na sensibilidade dos seus leitores belenenses, potencializando a auto-estima enquanto um belenense. Isto porque, minha experiência no primeiro contato que tive com essa coleção foi epifânico, ou seja, minha percepção estética de Belém era uma quando entrei nas salas do belo casarão da Familia Moreira Sales na Gávea no Rio de Janeiro, e, atual sede do IMS
Até então não conseguia perceber a poesia concreta das nossas platibandas desde sempre postas e, muito menos composição cromática. A beleza de Belém para mim, na minha adolescência, estava nas minhas namoradas, sempre as minas mais bonitas da face da terra, pelo menos aos meus olhos, as quais sempre via-as como um livro, outras das minhas paixões, que só a poucos é dado ler, e, sempre me achei que era um deles.
De forma que minha representação da beleza em Belém sofreu dois giros. O primeiro foi quando tomei contato com os livros de fotografias de ninfetas de David Hamilton e, logo depois com as fotos de Otto Stupakof da modelo Duda Cavalcanti a eterna musa, não só minha, mas de toda uma geração, a partir de quando comecei a duvidar que minhas namoradas eram as mulheres mais belas da face da terra.
O segundo giro epifânico foi provocado pela coleção de fotos Pinturas e Platibandas da baiana Ana Maria Mariani, com texto de apresentação do também baiano Caetano Veloso, dado que a epifania aludida acima resultou não só do impacto das fotos das platibandas que povoam as residências humildes de Belém e, que quando abri os olhos para o mundo já estavam lá, de forma que não as percebia em toda sua integridade, mas também do texto de apresentação do livro da lavra de Caetano Veloso, baiano de Santo Amaro da Purificação, que evidenciou os signos da poesia concretas nas nossas coloridas platibandas, tal como havia desvelado dos arranhas céus de São Paulo, em Sampa, o hino de São Paulo.
De forma que, o que pretendo com a doação do livro PINTURAS E PLATIBANDAS a biblioteca Municipal Profa. Maria Lira é criar as condições para o compartilhamento dessa experiência de deslumbramento com o discreto refinamento estético da nossa arquitetura vernacular.