PEDRO AMÉRICO: A Contribuição de um Brejeiro Paraibano a Construção do Imaginário da Independência
IHERING GUEDES ALCOFORADO
O processo de formação e reprodução da identidade e identificação de um povo é mediado pelas suas conquistas e criações. As criações artísticas são determinantes na constituição do imaginário dos povos, em especial quando simbolizam essas conquistas, a exemplo do que fez o brejeiro paraibano de Areias: Pedro Américo.
Pedro Américo (1834–1905), nascido em Areias logo se revelou um menino-prodigio, cujo desenho espontâneo impressionou o naturalista francês Jacques Brunet, e, desde então, nunca mais deixou de alcançar triunfos e honrarias. Estuda, viaja, pinta.
Primeiro, percorre o nordeste do Brasil; depois, a vez do Rio de Janeiro: Colégio Pedro II e a Academia Imperial de Belas-Artes; a seguir o mundo: a volúpia das viagens, o interesse por cursos de artes e de ciência, a sedução da Sorbonne, a tentativa de uma cátedra universitária, a especulação filosófica, sempre sem prejuizo da constante definitiva — a pintura.
De formação acadêmica, experimenta os mais diversos gêneros, desde os temas bibliocs e retratos até as cenas históricas. Estas, todavia, o empolgam: t raziam as suas telas a dimensão da grandeza dos fatos.Por sua cultura geral , impulsionado por ambições precoces, não ressiste aos fascinio dos motivos nobres e retumbantes: a vida da Corte, os afagos do Imperador, o teatro das batalhas, a ressonância dos fatos cívicos acendem no pintor brejeiro a mesma chama que o levaria a ocupar uma cadeira do Parlamento.
Imprime a pintura histórica brasileira proporções a altura das ambições de um povo em formação, suas telas revelam o sopro de grandeza que emanava da Corte imperial, em sintonia com seus arroubos patrióticos.
Daí sua inclinação pelo gênero histórico: a batalha, o entrechoque de forças que plasmavam nosso estado nacional, a exaltação dos nossos heróis, o espetaculo do civismo. Nesta linha, destaco Batalha de Avaí e a Batalha de Campo Grande, mas sem esquecer que seu legado neste âmbito forma uma galeria.
Mas isso não é tudo: seu apreçõ pelo Imperador foi registrado em Dom Pedro II na Abertura da Assembléia Geal, fincando no imaginário brasileiro a nobreza daquele que foi o grande estadista brasileiro; enquanto que seus sentimentos para com a Patria nascente, que povoa o imaginário brasileiro até hoje se expressa no seu quadro mais famoso: Independência ou Morte.
Enfim, nesse 7 de setembro quando mais uma vez, avivamos o imaginário nacional da independência, nada melhor que lembrar aos brejeiros que esse imaginário certamente seria outro se um brejeiro de Areias: Pedro Américo, não tivesse pintado os quadros que pintou, em especial INDEPENDÊNCIA OU MORTE.