NOS BASTIDORES DA FAMA (Beyond the Light)

Ihering Guedes Alcoforado
2 min readJan 14, 2021

IHERING GUEDES ALCOFORADOs

Nos Bastidores da Fama, a regra (quase) tudo nos primeiros planos é seguido á risca, ficando o “quase” por conta dos clichês que ancora a narrativa e as tramas paralelas mal resolvida. O que não impede de entregar um olhar crítico do processo de construção de uma “diva” pop.

A partir de um singelo concurso musical infantil a tensão que atravessa todo o filme é posto: de um lado a problemática implícito na canção Blackbird eternizado na interpretação de Nina Simone serve como que um roteiro implícito do drama desenvolvido ao longo de todo o filme. Do outro, a materialização e agravamento da referida tensão é expresso ao longo do processo de construção de uma pop star a negação da identidade realista de Noni (Gugu Mbatha-Raw numa interpretação ontológica) e a construção da personagem fantasiosa necessária ao show business. O engenho da diretora se revela quando resolve a tensão posta por uma música, a versão original interpretada por Nina Simone por meio de uma recriação de Blackbird, o meio pelo qual Noni resgata sua identidade sacrificada no altar do show business. Os clichês e as tramas que tentam contextualizar o drama expresso na música não compromete. Enfim um filme do tipo: prometeu, e entregou um pouco mais do que o prometido: uma narrativa extraída dos momentos salientes da trilha sonora, invertendo o procedimento usual que é de extrair a trilha sonora da narrativa.

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Ihering Guedes Alcoforado

Professor do Departamento de Economia da Universidade Federal da Bahia.