LAS NIÑAS de Pilar Palomero

Ihering Guedes Alcoforado
2 min readMar 7, 2021

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IHERING GUEDES ALCOFORADO

A múltipla premiação no Goya (2021) do filme Las Niñas da diretora Pilar Palomero é o reconhecimento da relevância de uma arte autêntica, visceral e empática, em um momento no qual os compromissos contingentes extra-arte orienta e subverte o processo de criação que passa a ser concebido como mais um paragrafo a ser integrado numa narrativa previamente concebida.

Em Las Niñas a diretora não hesita em construir uma narrativa semi-autobiográfica, com a personagem Célia (Andrea Fandos) como seu “alter ego” e, fugindo dos clichés dos filmes de adolescentes dá um toque autoral autobiográfico (com suas ambiguidades e contradições) a uma problemática universal: o pulo do gato do filme.

A problemática que alimenta a narrativa é associada aos conflitos inerentes a adolescência: uma transição da infância submetida ao desejo e as representações dos outros, a uma fase que acena com a possibilidade de novas descobertas além das mudanças corporais, a exemplo dos preconceitos e velamentos com tudo o que não cabe numa moldura institucional carcomida., a exemplo dela, filha de Adela (Natalia de Molina) uma mãe solteira.

A trama articula-se em torno de drama de Célia, enquanto filha de uma mãe solteira: um diferencial que tem desdobramento pontuados com suas conversas com Brisa (Zoe Arnao) a amiga novata no colégio vinda de Barcelona, a partir do que emerge sua tomada de consciência dos velamentos e preconceitos que condicionam a conduta dos que formam seu “mundo da vida”.

Enfim, uma importante mensagem universal implícita no filme é a importância do “outro” no exercício dialógico na descoberta não só do “si” mas também dos outros já passados, mas vivo nas convenções.

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Ihering Guedes Alcoforado
Ihering Guedes Alcoforado

Written by Ihering Guedes Alcoforado

Professor do Departamento de Economia da Universidade Federal da Bahia.

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