KNUT WICKSELL: A Problemática da Economia Teórica no Início do Século XX

IHERING GUEDES ALCOFORADO

Em 1902 Knut Wicksell publicou no periódico sueco Ekonomisk Tidskrift uma resenha conjunta dos livros de J.B Clark, The Distribution of Wealth. A Theory of Wages, Interest and Profits , e de J A Hobson, The Economics of Distribution a qual é composta de três blocos que podem ser lidos com três aproximações a problemática analítica na qual se inseria a economia teórica no inicio do seculo XX, exemplificada por meio da análise da distribuição da riqueza.

O primeiro bloco é genérico, ou seja, trata da evolução da teoria econômica que no seu entendimento era, no final do século XIX, considerada como uma mera curiosidade que se refletia num pedantismo estéril de uma ciência em sua infância, mas que no início do século XX já apresenta
número crescente de praticantes, com destaque no mundo anglo-saxônico, mas com manifestações na Italia, Austria e Suíça, e, também na Alemanha reduto permanente da Escola Histórica, onde a teoria moderna
começou a ganhar alguma atenção, embora reconheça que por meio da oposição.

Mas, feito os comentários otimista a respeito da difusão da economia teórica, ele chama atenção para os problemas analíticos enfrentado decorrente da emergência simultânea de novas teorias quase ao mesmo tempo por três pesquisadores talentosos independentes e, de diferentes nacionalidade Carl Menger (austríaco), Léon Walras (francês)e William Stanley Jevons (inglês), cujas obras têm desdobramentos por meio de seguidores talentosos, entre os quais destaca que Bohm- Bawerk e Marshall são. provavelmente os mais conhecidos, junto com outros pesquisadores, entre os quais destaca o americano J B Clark, os quais no seu entendimento parece ter chegado a resultados semelhantes.

A consequência desta divisão é, no entendimento de K. Wicksell, que a mesma coisa desde o início passou a ser tratada pela economia teórica de três ou mais maneiras diferentes com distintas terminologias, o que tem resultado, no seu entendimento numa disputa ano após ano em livros e artigos de revistas sobre palavras e expressões. Diante dessa dispersão improdutiva ele defende uma unidade e uniformidade por meio de uma produção concisa e fácil de entender, e, chama atenção que esse programa se manifesta nos experimentos que há alguns anos foram feitos por Pareto, mas que não foi totalmente bem-sucedido, apesar da sua capacidade e talento combativo. A segunda e terceira parte do artigo ilustra a tese acima, o que é feito por meio da resenha de Hobson e Clark, exemplos emblemáticos desta má conduta dos praticantes da economia teórica.

A segunda parte é dedicado a The Economics of Distribution de Hobson, a quem julga querer ser importante, de um lado, corrigindo Marshall com observações dirigidas à segunda edição de Princípios, sem levar em conta o fato de que essas observações foram feitas pelo próprio Marshall nas edições seguintes devidamente respondidas de uma forma que no entender de K Wickssel são plenamente satisfatória. Do outro lado, apresenta seus próprios resultados positivos, mas sem fundamentá-lo num trabalho de pensamento mais profundo de sua própria parte.

Na terceira parte K. Wicksell trata do livro de Clark a quem reconhece ser um pensador original por ter encontrado de forma independente uma série de
os teoremas que formam a moderna teoria do valor; mas como tais descobertas já eram conhecida desde o século 18, ele entende que a contribuição mais relevante de Clark no melhor dos casos, exemplifica um descuido da história do pensamento econômica e, portanto, “…] um desperdício de poder de pensamento, que poderia ter sido muito melhor usado para construir sobre as bases já estabelecidas”. Este descuido histórico de Clark também é registrado por meio da sua confissão que só depois de publicar vários ensaios sobre produtividade descobriu que boa parte já tinha sido desvelado por — v. Thunen.

De forma que para K. Wicksell o melhor do livro de Clark “parece ser os exemplos prático com os quais ele busca apoiar e ilustrar sua teoria da produtividade”, já que no seu entendimento “o próprio Clark mal penetrou nessa teoria”.

Em função do acima exposto se pode inferir que para K. Wicksell todo o esforço na construção da economia teórica deve partir de uma apreensão e processamento do legado histórico na sua diversidade de abordagens, o qual deve ser tomado como base para um construção da uma unidade e uniformidade do campo por meio de uma produção concisa e fácil de entender.

BIBLIOGRAFIA

WICKSELL, K., 1902. Reviews of The Distribution of Wealth. A Theory of Wages, Interest and Profits J.B.Clark) ; The Economics of Distribution (J A Hobson) IN Ekonomisk Tidskrift, 1902, v, 4, pp. 85–90