IN BLOOM(2013) — Nana Ekvtimishvili, Simon Groß
IHERING GUEDES ALCOFORADO
O filme IN BLOOM (Na Flôr da Idade) de Nana Ekvtimishvili e Simon Gross estrelado por Eka (Lika Babluani) e Natia (Mariam Bokeria) pode-se dizer o que Machado de Assis dizia do teatro: “não é uma simples instituição de recreio, mas um corpo de iniciativa nacional e humana”.
O nacional é expresso nas primeiras cenas do filme quando uma voz em off afirma: Georgianos foram sempre guerreiros. Sempre com uma espada em casa. Todos os georgianos devem ter uma arma. Mas não para roubar as pessoas.
A dimensão humana é expressa por meio de um flash tensão entre as duas dimensões da cultura georgiana que se expressa por meio de um recorte de gênero: i) a masculina que se alimenta com a apologia com o porte de arma e a violência entre os pares e ii) a feminina que se expressa por meio da música: Natia (Mariam Bokeria) estudava piano e sonhava ser concertista, enquanto que Eka (Lika Babluani) se identificava com a dança georgiana tradicional.
Essas duas dimensões são atadas por meio de uma narrativa que é estruturada a partir de um deslocamento não só da violência da guerra em curso, mas também dos clichés de filmes de adolescentes: no primeiro caso remetido para o contra-plano e, no segundo caso para planos secundários na narrativa do filme. Esse artificio narrativo cria as condições para um mergulho da violência enraizada na cultura machista georgiana, que diferente da manifesta na guerra, não tem previsão de cessar.
O resultado é um filme que sem abrir mão de colocar em cena, mais uma vez, os conflitos existenciais tão intenso nessa faces da vida, mostra outros conflitos culturais mais amplo que informa a sociedade e a cultura georgiana, pondo em cena uma problemática universal que se expressa pela violência culturalmente institucionalizada.