FUTURE-SE
ALGUNS EQUÍVOCOS POLÍTICOS DO CORPORATIVISMO, AUTÁRQUICO,BUROCRÁTICO
Numa iniciativa que poderia ser louvável, a APUB e seus convidados preferiram fazer uma performance que, a partir da leitura dos registros divulgado no seu site, da intervenção da professora Maria Stella Goulart (Apubh), julgo politicamente equivocada.
Na abertura, a professora Maria Stella Goulart (Apubh) resgata Paulo Freire para apontar a necessidade de abraçar o conceito de “conscientização” a partir da qual convida o coletivo “à reflexão sobre “quem são eles” e “quem somos nós e o que queremos”, a partir do lugar de educadores/as e ativistas/as. Ou seja, alinha-se a narrativa do “conhecimento da produção” que temos como telos a “emancipação do ser”, a sua conscientização, opondo-se a alternativa da “produção do conhecimento” tão demandado e necessário a sociedade brasileira neste momento histórico.
Numa leitura estritamente política a professora Maria Setella determina, numa expressão típica da turma do “lacramento” : “Temos que entender suas formas (o eles) e contornos para nos insurgir”, seguido de um lapso de lucidez quanto revela a preocupação que ao longo do processo de entendimento e, de uma possível tomada de consciência “… nos transformamos nos dragões contra os quais lutamos”, disse.
No arremate final, revela-se uma populista que imagina ser possível, até dezembro “impactar o nosso povo” e, petulante dona da verdade, ao propor não o diálogo, a apresentação de argumentos, a construção de entendimento comum com o legislativo, influenciando o processo ao longo dos seus protocolos, em vem disso ordena que temos de “pressionar nossos parlamentares” para, presumo eu, adotar a visão de universidade corporativa, autárquica e burocrática. E para tanto julga importante a “[…]articulação com os movimentos sociais, responsáveis por trazer à superfície o que estava invisibilizado pela opressão, e dessa forma “educar para outros mundos possíveis”, afirmação que contém alguns clichês que prefiro não comentar.
A enunciação da referida professora, desconsidera que o FUTURE-SE será submetido a um processo legislativo, o qual se comporta como um mercado para a ação política, e, cujos protocolos assegura que os mais diversos segmentos e seus interesses sejam, por meio da mediação dos representantes, considerados e no possível contemplados. Enfim, a sociedade demanda uma nova universidade, o congresso que representa essa sociedade, afinal estamos numa democracia representativa, que legitima o mercado que tem uma demanda de uma nova universidade e, do outros, uma oferta que será ajustada, seguido os protocolos de um parlamento legitimado por uma democracia representativa.
É necessário que a APUB e similares, enquanto corporações alojadas na universidade tome consciência que deverá influenciar o processo de institucionalização do FUTURE-SE por meio dos seus representantes, podendo subsidiar os demais, da mesma forma que os muitos outros segmentos organizados da sociedade brasileira, afinal, a universidade é pública, e não das corporações dos professores, funcionários, e, espera-se que o FUTURE-SE expresse os interesses da sociedade, e não apenas das corporações universitárias.
Enfim, é preciso que a professora, como uma representante emblemá tica do corporativismo tome consciência que estamos numa democracia cujo agentes operam cada vez orientado pela maximização de seus interesses, os quais não poderão ser impostos, o que torna imperativo o exercício da política como a arte do compromisso. Ato político difícil ser imaginado numa sociedade como a brasileira que avança para a polarização e a intolerência tanto do “nós” como do”ele”, mas que por isso o compromisso se torna cada vez mais necessário. Mas, para tanto é fundamental reconhecer a legitimidade do outro, como uma forma de estabelecimento de uma confiança mutua, condição sine qua non para o compromisso.
Enfim, espero que durante o processo em curso, a APUB tome consciência das suas posições intolerantes, abandonando-as e passe a adotar como como orientação o estabelecimento das condições de possibilidade de construção de compromissos cada vez mais dificil, mas cada vez mais necessário.