O cinema de Federico Fellini configura-se como uma dialética “pé quebrado” envolvendo a realidade e o sonho: a tese e a antíntese respectivamente, ficando a síntese “pé quebrado” por conta da impossibilidade de uma integração do sonho e realidade no âmbito do mundo da vida, o que Fellini torna possível com seu gênio no mundo do cinema.
O filme Abismo de um Sonho (Lo Sceicco Bianco (1952) é um exemplo emblemático da figuração felliniana: A jovem recém casada (Brunella Bovo) desloca-se da realidade da lua-de-mel e mergulha no sonho em ato do cinema,
Deparando-se com uma crueldade e aspereza
maior que realidade medíocre na qual termina por se integrar e se emocionar.
Assim Fellini evidencia a impossibilidade da integração do sonho a realidade no mundo da vida, ao tempo em que a reafirma esta possibilidade no mundo do cinema.