ECONOMIA & PSICOLOGIA: Uma Fronteira do Campo Econômico
IHERING GUEDES ALCOFORADO
A relação da Economia com as disciplinas conexas tem atraido a atenção de alguns economistas “ponto fora da reta”. Ronald Coase no seu artigo sobre a relação da Economia com as disciplinas conexas não só ressalta o cárater imperialista da Economia sobre as disciplinas conexas, como nos chama atenção que tal postura bloqueia uma fonte importante de insights com suas possibilidades em latência em fertilizar a refelexão no campo econômico. Harold Demsetz retoma a provocação de Ronald Coase para ressatar que a interdisciplinaridade está presente nos momentos mais criativos do campo econômico, e depois de elencar algumas tentativas de explicar as causas epistêmicas desse sucesso e das quais discorda, busca justificar que as condições para o êxito dos projetos interdisciplinares se encontra no compatilhamento do objeto, a exemplo do que acontece com o Direito (Law) e a Economia (Economics), o exemplo que usa para ilustrar o êxito de um projeto interdisciplinar.
Nesta nota trato de um outro projeto interdisciplinar exitoso envolvendo a Economia e Psicologia dois campos que compatilham o mesmo objeto: o “individuo”. O que leva a um grupo considerá-lo de forma isolado a exemplo do “Individualismo Metodológio”, enquanto outros posicionados nas franjas do campo econômico consideram-o inserido na ora, a comunidade, ora a sociedade.
A Economia e a Psicologia tomam a dimensão consciente do agente econômico, daí a inclinação da Economia interagir com a Psicologia, em especial com a Psicologia Behaviorista e experimental e não com a Psicanalise que na sua constituição como um campo toma como referência não o individuo, mas o sujeito, o qual se reporta a dimensão inconsciente, eevidenciando a especificidade do seu objeto e consequentemene sua identidade como um campo especifico distinto da Psicologia que toma como referência a dimensão consciente.
Esse projeto potencializou as sinergias decorrente das integração dos insights desses dois campos e, criou as condições da emergência de uma nova escola econômica em pleno desenvolvimento: a Economia Comportamental.A contribuição da Psicologia Compamental a este novo campo econômico tem como base a explicação para as condutas não racionais dos agentes econômicos a partir dos atalhos cognitivos não conscientes, os quais são isolados e evidenciados por meio de experimento em laboratório, da mesma forma que testam os mecanismos de superação de tais atalhos por meio de incentivos que vão posteriormene fundamentar as políticas públicas governamentais e não governamentais, tendo em vista sempre em vista colocar a conduta dos agentes econômicos no “trilho”, ou seja, conforme o que se espera de uma conduta racional que, no caso se expressa por meio da determinação de maximização dos benefícios dos esforços humanos e recursos materiais.
O êxito desse projeto se manifesta tanto no âmbito acadêmico como na esfera politica. O reconhecimento no universo acadêmico foi sinalizado pelo Prêmio Nobel de Economia aos promotores da Economia Comportamental. Enquanto no plano político o reconhecimento deu-se, entre muito outros, por meio da atuação de Cass Susntein, um dos epígonos dessa corrente, estabelecer as diretrizes econômica do governo dos EUA na gestão de Obama.
O êxito do sucesso do projeto interdisciplinar envolvendo a Economia e a Psicologia, nos leva a crer, no rastro de Harold Demsetz para quem o compartilhamento do objeto é a condição sine qua non para o êxito de um projeto interdisciplinar, que existe uma janela de possibilidade para um projeto interdisciplinar envolvendo a Economia e a Psicanalise, o qual decorre do fato do agente econômico integrar na sua psiquê, tanto a dimensão consciente da Psicologia, como a dimensão inconsciente da Psicanalise, a qual já foi associada ao desejo reprimido subjacente ao ideal econômico.[SCHOREDER, 2004: 86–148]
No entanto, a grande maioria dos economistas, no rastro da Psicologia, desconsiderarem a dimensão inconsciente, da mesma forma que a grande maioria dos psicanalistas relevarem a dimensão consciente dos sujeitos. A exploração das possibilidades em latência dessa janela de possibilidade instituida na interface da Economia com a Psicanálise revela os contornos de um novo campo que será objeto da próxima nota
BIBLIOGRAFIA
SCHROEDER, Jeanne Lorraine., 2004 “The Desire of Economics” IN The Triumph of Venus: The Erotics of the Market. Berkeley: University of California Press 2004 pp. 86–48