DAS FRONTEIRAS DO PENSAMENTO ÀS FRONTEIRAS DO MARKETING: O Mundo em Desacordo (Ihering Guedes Alcoforado)

É a partir de um paradoxo da abundância de informações, do grande número de demandas de movimentos identitários e da hiperparticipação no debate público sem uma correspondente decmocratização que se propõe a articulação do evento Fronteiras do Pensamento. E de uma ameaça que se manifesta no fato do excesso de informações e de retórica provoca , segundo o curador do evento, uma sensação de caos, e daí a sedução do apelo autoritário. Um questão de primeira e mais do que pertinente.

No entanto tal proposta de reflexão é desenhada e implementada de forma estranha, em função dos participantes. Uma mistura de pesquisadores com foco na problemática com celebridades decorrentes de outros motivos que não envolve a reflexão política em uma sociedade saturada de informações e de demandas identitárias, em paralelo a um processo de crise de representação e consequentemente da democracia representativa.

Mas a composição estranha não implica que não se possa ter pessoas certas nos lugares certos, como o cientista político Mark Lilla que coloca com pertinência o desafio embutido na priorização da política simbólica de querer reconhecimento, em vez de ganhar eleições, passando a enxergar o país apenas como uma série de tribos, abdicando de uma visão geral como um todo, ou seja, uma visão nacional, o que a despeito de instigante vai de encontro as evidências de uma retomada dos nacionalismos, e, o do Josuha Green que toma como mote o que imagina ser o problema moral moderno: o “nós” versus “eles”.

O problema é a “venda casada”, dado que se obriga a pagar (R$ 1.790 a R$ 2.990) pelo pacote completo, para se ter acesso a discussão acerca dos limites da democracia e compreender a nova realidade das guerras culturais, conflitos em torno de temas morais abrangentes que, muitas vezes, nascem nas redes sociais e ganham corpo em protestos nas ruas”, o que implica pagar-se por enunciação de celebridades com seus clichês e, cuja presença se justifica não pelo que possam agregar ao debate, mas em espaço na mídia.

Enfim, em vez de termos a oportunidade de nos defrontarmos com a fronteira do pensamento, é possível que estejamos diante da fronteira do marketing.