COVID-19 E MEIO AMBIENTE: Um Policymaking Approach*
IHERING GUEDES ALCOFORADO (Professor de Economia e Meio Ambiente do Departamento de Economia da UFBA)
A relação da epidemia da COVID-19 com a poluição ambiental e a degradação dos recursos naturais evidenciou não só a importância dos approaches holísticos a saúde: i) o EcoHealth, ii) One Health e iii) Health Global na modelagem e compreensão do problema, como tornou imperativo seu uso entre os policymaking, comprometido com o enfrentamento das epidemias de origem animal decorrente da degradação dos habitat ou da alteração do seu ciclo vital em conformidade com as necessidades de aumento da eficiência do sistema.
Diante deste cenário o timing dos policymakers no enfrentamento das epidemias pode ser dividido em três escalas temporais distintas focadas no curto, médio e no longo prazo. As políticas de curto de prazo são focadas nos seus efeitos e visam mitigar os impacto e/ou adaptar as populações de um determinado territórios ao novo cenário epidêmico, as quais se complementam configurando um pacote de políticas estabelecidas em diferentes escalas espaciais, envolvendo no caso brasileiro as nossas três esferas jurisdicionais: a federal, a estadual e a municipal, restringindo a um determinado estado nacional.
A política de médio prazo tem dois eixos, ambos ancorados na pesquisa e desenvolvimento: i) o primeiro privilegia a promoção da pesquisa e desenvolvimento focada de um novo protocolo médico, o que envolve pesquisa da eficácia de medicamentos já desenvolvido para outras doença, no tratamento dos com COVID-19. Enquanto ii) no segundo eixo todo o esforço de pesquisa é voltado para o desenvolvimento de uma vacina, o qual tende naturalmente a transpor os limites de determinado estado nacional, si não na etapa desenvolvimento no estrito, certamente na fase dos testes clínicos.
A política de longo prazo desloca o enfrentamento no âmbito das conseqüências e efeitos para as causas, cuja origem cada vez mais é associado a degradação do ambiente e do habitat dos animais silvestres e dos processos vitais dos animais domésticos o que é evidenciado pelos approaches holísticos: i) EcoHealth, ii) o One Health (One medicine) e iii) Planetary Health. Este conjunto de conceitos, partindo de referências distintas, convergem no destaque da natureza holística do problema e, em consequência induz a busca de soluções via frames interdisciplinares que transitam entre diferentes escalas espaciais e, cujas programas podem ser fundamentas a partir de diversas abordagens, inclusive econômicas.
Enfim, com a epidemia do COVID-19 criou-se (ou se ampliou) a janela de oportunidades para os policymaking no enfrentamento das epidemias em todos seu ciclo e, em diferentes timings e escalas. Ao longo do ciclo o foco ainda permanece nas conseqüências e efeitos, embora cresça a evidências da necessidade de um foco nas causas, ou seja, na poluição do meio ambiente e na degradação dos recursos naturais que comprometem os habitat, um problema cujo enfrentamento cria oportunidades de desenvolvimento tecnológico associadas a pesquisa e desenvolvimento não só do desenvolvimento das vacinas, ainda focada nas conseqüências; mas também no bojo da transição tecnológica necessária enfrentamento efetivo da poluição e da degradação que geram as condições para o surgimento e difusão das doenças virais como bem destaca os approaches holísticos, os quais oferecem frames possíveis de ser explorados pelos policymaking focados no enfrentamento das causas, ainda que no longo prazo, constituindo um posto avançado da “modernização ecológica”.
NOTAS
*Nota de aula preparada o curso de Economia e Meio ambiente 2020 Especial oferecido pelo Departamento de Economia da UFBA.
REFERÊNCIAS
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