CHANT D´HIVER (Otar Iosseliani)
IHERING GUEDES ALCOFORADO
Um panorama da Comédia Humana, mas diferente da de Balzac, essa se esparram ao longo dos século, trazendo a tona a convivência permanente entre a barbárie e o sublime, ora distribuída entre os protagonistas, ora contida num único, quando não uma promovendo a outra. Inserido na onda cinematográfica que explora as mazelas da sociedade francesa, mas sem maniqueísmo e presentismo. Um olhar que funde o presente, o passado e o futuro. avivando a memória dos seus males.
O resultado é a evidenciação que não temos nada novo, a tensão entre a barbárie e o sublime, humana demasiada humana, carregamos dentro de nós, em nossos genes, expresso no nosso cotidiano. Nós somos o resultado, e o futuro dessa tensão: ora sórdido, ora sublime, quando não os dois simultâneo. O resultado também é a convicção que, diferentemente, de Tostoi, a beleza não salvará o mundo, pois se assim fosse o mundo já estaria salvo há muito tempo.
Enfim, a imagem síntese do filme ilustra esta nota: um nova construção precária construída com material de ruínas secular, acolhe um jovem casal francês, sem eira, nem beira.