CAVALO MARINHO(1934) de Jean Pailevé

IHERING GUEDES ALCOFORADO

O filme Cavalo marinho (L´Hippocampe,1934) de Jean Painlevé é um registro de tipo de documentário da vida animal, no caso o peixe Cavalo Marinho, que sem cair na antropomorfismo, produz uma bela obra de arte que não só gera como potencializa uma empatia com o mundo animal, mais necessário que nunca.

A obra de Jean Painlevé reflete um momento único de conexão do mundo das ciências naturais com a estética surrealista., ou seja, a combinação do olhar de um cientista com a sensibilidade de um surrealista resultou numa obra que expressa rigor científico (muitos de seus filmes começaram em um contexto de pesquisa) por meio de uma mídia experimental com narrativa com afinidades eletivas com o espírito Jean de la Fontaine. Narrativa essa expressa por meio de estética surrealista potencializado pelo jazz e musica experimental em suas trilhas sonoras.

O resultado propicia a experiência empática com essas criaturas do mar, no caso o Cavalo Marinho, a partir do qual se pode lançar um olhar crítico sobre nossa própria existência humana..

Enfim, é por tudo isso que, no seu tempo conquistou a admiração de Luis Buñuel, Germaine Dulac, Jean Vigo, Jean Renoir, Sergei Eisenstein, Roberto Rossellini, Pablo Picasso e os surrealistas e, no nosso tempo presente, o ostracismo.

Ostracismo do qual começa a sair ao ser içado arquivos por por James Leo Cahill que depois de um mergulho recupera do seu legado um “surrealismo zoológico” que abre uma janela de possibilidades de estudos na interface do cinema, com o surrealismo e pesquisa científica, e, no qual se destaca uma “vocação copernicana do cinema” — que ativa não só a forja de novas descobertas científicas, mas principalmente uma problematização do ponto de vista antropocêntrico dominante nas áreas conexas. Mais atual impossível.

REFERÊNCIAS

CAHILL, James Leo., (2019) Zoological Surrealism: The Nonhuman Cinema of Jean Painlevé. Univ Of Minnesota Press