CACÁ DIEGUES: Algumas Meias Verdades (Ihering Guedes Alcoforado)
“O mais terrível nesse mundo é que todos têm suas razões.” Jean Renoir
Cacá Diegues na sua coluna semanal do Globo de 0912/2012 faz uma reflexão ambígua, pontuada por “meias verdades” sobre o cinema brasileiro, o qual reconhece está vivendo o seu melhor momento da história por ter produzido cerca de 170 filmes no ano passado, com prêmios e sucessos no Brasil e no exterior.
Mas, em vez de adentrar sua reflexão e tratar dos desafios de distribuição postos por esta produção que na sua grande maioria não são exibido nos cinemas e, portanto, não conseguem(se é que tem algo a, dizer) chegar ao público, prefere dizer algumas meias verdades, meias porque diz algumas verdades sobre os equívocos, pelo menos para um segmento da sociedade brasileira no qual me incluo, do Governo Bolsonaro na área da cultura.
“Meias verdades” porque os desmandos e os desvios ideológicos e político na área que pontua com pertinência no governo Bolsonaro foram implementados de forma sistemática no ciclo do lulo-petismo. Fato destacado por O ESTADO DE SÃO — 0PINIÃO (Obscurantismo Explícito) matéria que faz as mesmas restrições ao governo Bolsonaro, mas coloca outras “meias verdades” que Caca Diegues preferiu no tratar:
“ O Brasil sofreu essa terrível experiência durante a longa noite lulopetista, quando o PT aparelhou a máquina ligada à cultura, etapa fundamental de sua estratégia para se manter indefinidamente no poder. O Ministério da Cultura nos governos de Lula da Silva e Dilma Rousseff transformou-se em departamento de agitação e propaganda do partido. A dita “classe artística”, invocando-se o papel de porta-voz do povo, se insurgiu contra qualquer um que questionasse as práticas do PT. O presidente Michel Temer, que substituiu Dilma Rousseff, penou para reverter esse aparelhamento petista, sendo, por essa razão, hostilizado dia e noite, aqui e no exterior, pela claque de celebridades habituada aos obséquios de um governo camarada.”
Enfim, o momento em que Caca Diegues não evitou o recurso as “meias verdades” foi reconhecer que a tolerância é da ambas as partes, quando registra a intolerância de ambas partes na abertura do Festival de Brasília
“ Um cineasta lia, no palco, um documento de protesto contra atitude do poder público local, quando um segurança lhe arrancou o documento das mãos. De certo modo, o próprio público do festival havia inspirado esse gesto de intolerância autoritária quando, no início da cerimônia, não deixara um representante do governo falar, sufocando sua voz com vaias e gritos, não permitindo que ela fosse ouvida.”
E, assim, a despeito das suas meias verdades, ele nos deixa uma mensagem que merece ser destacada a partir do que observou no Festival de Brasília (2019):
Um cineasta lia, no palco, um documento de protesto contra atitude do poder público local, quando um segurança lhe arrancou o documento das mãos. De certo modo, o próprio público do festival havia inspirado esse gesto de intolerância autoritária quando, no início da cerimônia, não deixara um representante do governo falar, sufocando sua voz com vaias e gritos, não permitindo que ela fosse ouvida. Numa democracia de verdade, estar com a razão não autoriza ninguém a censurar a voz do outro, daqueles que não concordam conosco. Se agirmos do mesmo modo que eles, como poderemos afirmar a diferença entre eles e nós?
Enfim, é necessário questionar o “estar com a razão”, dado que os registros históricos mostram que o “estar com a razão” é o primeiro passo para a “intolerância autoritária” e o “pensamento único” os fundamentos dos governos totalitários, tanto a direita, com as esquerdas.