AUTO-AJUDA: Da Positividade Tóxica ao Otimismo Trágico — Ihering Guedes Alcoforado
Cultivar uma mentalidade positiva é um poderoso mecanismo de enfrentamento de situações adversas, tal como proposto por boa parte da literatura da Auto-ajuda, mas tem o perigo de assumir a configuração de uma “positividade tóxica”, que se materializa, segundo Natalie Dattilo, na idéia que a melhor ou a única maneira de lidar com uma situação ruim é colocar um viés positivo sobre ela e não insistir no negativo. Ao adotar a “positividade tóxica” o sujeito se recusa olhar para os aspectos indesejáveis da vida e, portanto, evita experiências desagradáveis o que, numa situação limite, implica numa negação da realidade e na perda da oportunidade de crescimento.[CHIU, 2020]
O antídoto para a positividade tóxica é o “otimismo trágico” de Viktor Frankl que sem negar a realidade busca o sentido em meio às tragédias inevitáveis da existência humana, postura mais realista e fértil. O conceito foi desenvolvido no livro Man’s Search for Meaning, no qual descreve sua experiência como prisioneiro em campos de concentração nazistas, e, como ancorado num “otimismo trágico” conseguiu encarar sua vida, numa situação extrema, como algo que valia a pena.[FRANKL, 1984]
REFERÊNCIAS
FRANL. Viktor E. “The Case for a Tragic Optimism” in Man’s Search for Meaning. New York: Simon & Schuster, 1984
VIKTOR, E.,, 2006 Man’s Search for Meaning. Beacon Press
CHIU, Allyson, 2020 Time to ditch ‘toxic positivity,’ experts say: ‘It’s okay not to be okay IN The Washington Post, 11/08/2020. https://outline.com/VXVWLx