AS RELAÇÕES AFETIVAS MUSICAIS DO RECÔNCAVO BAIANO COM O BREJO PARAIBANO: A Influência de Jackson do Pandeiro na Música Baiana

Ihering Guedes Alcoforado
3 min readSep 4, 2021

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IHRING GUEDES ALCOFORADO

BANDA SOM DO SIM

As evidências são muitas, mas pouco repercurtidas si comparadas com as estabelecidas com Pernambuco, em especial a mediada pelo Maestro Nelson Fereria, expressão do frevo acelerado, cuja origem o compositor Carlos Fernando debita a influencia a influencia do album Micróbio do Frevo, a partir de quando o frevo que era um pouco lento ficou mais acelerado.

É portanto o frevo sob influência do gênio ritmistico de Jackson do Pandeiro que influenciou o carnaval baiano por meio de Dôdô e Osma r e que resultou no movimento musicial em torno do Trio, cuja musica foi elevada ao virtuosismo por Armandinho e Moraes Moreira: dois dos responsaveis pelo que se produziu de melhor até hoje, no carnaval da Bahia.

Num outro momento, o da ascensão das Bandas de Axé Music a influência do brejeiro de Alagoa Grande é mais direta, tanto semântica como musical No primerio caso a influência fica evidenciada por meio de CHICLETE COM BANANA, seu maior sucesso que nomenou a banda que sob a liderança de Bel borba tornou-se o maior sucesso de todos os tempos do carnaval de Salvador. Mas as afinidades não ficou na semântica já que essa Banda também explorou a trilha do ecletismo de sons e apreensões dos novos tempos, nos comportamentos, no que Jackson do Pandeiro foi um pioneiro, mas sem a competência musical da geração anteiror de Armadinho e Morais Moreira, nem da posterior, representada por David Moraes, filho de Morais Moreira.

Com o refluxo da Axé Music, uma nova geração retoma a Jackson do Pandeiro na Bahia, e agora de forma mais visceral e, a influência não só é reconhecida mas repercurtida, a exemplo da última musica da Banda SOM DO SIM, formada pela escol da nova safra de músicos e interpretes baianos Cesinha, Davi Moraes, Luciano Calazans e Saulo Fernandes.

A música aludida é nomeada de AFRO JACKSON, uma música que fala sobre a comunicação entre Michael Jackson e Jackson do Pandeiro e que na descrição dos compositores “tem um acorde só e ao mesmo tempo soa como se tivesse todos os acordes possíveis por conta da sua rítmica inexplicável”.

Afinal é no dominio absoluto dessa “rítmica inexplicável” foi a marca deixa por Jackson do Pandeiro na música brasileira, fato que não poderia passar desapercebido dos jornalistas Fernando Moura e antônio Vicente autores da sua biografia ao assinalar que ele

“[…] tinha uma característica de divisão métrica dentro da música que é inato. Nem ele conseguia explicar. Pegava uma frase melódica, com tempo e marcação definidos e saia quebrando isso o tempo todo. Ás vezes adiantando, às vezes atrasando, mas sempre ao final coincidindo com os acordes da música. Essa brincadeira que o Jackson fazia com a voz e com as músicas é algo realmente impressionante. O grau de sofisticação, a técnica que ele usava e ao mesmo tempo a intuição, que é aquela coisa natural que vinha espontaneamente e nunca se repetiu e provavelmente nunca se repetirá porque dificilmente surgirá outro como ele”.

De forma, que no nosse entendimento, essa nova geração de músicos baianos, ao pecorre a mesma estrada de Gilberto Gil, acertaram na vieia ao retomar a “rítmica inexplicável” (a grande invenção de Jackson do Pandeiro), o que configura mais um reconhecimento da influência do brejeiro paraibano de Alagoa Grande num movimento musical baiana que, dado a qualidade dos seus músicos e interpretes, tem tudo para ser a nova onda musical baiana Pós Axé.

E, assim, reavivam a influência da musicalidade do Brejo paraibano sobre a musicalidade baiana, por meio mais uma vez de Jackson do Pandeiro, cuja musicalidade genial expressa uma cultura musical cultivada em Belém não só por meio dos nossos emboladores acelarados, entre os quais destaco Manoel Batista de Belém, o gênio da embolada; mas tambem pelos humildes cantores/dançarinos moradores do Engenho de Cláudio Viana e que animavam eventualmente nossos folguedos.

Afinal, a genialidade de Jackson do Pandeiro, filho de uma cantora de côco de roda, não caiu do céu, é fruto de uma cultura musical com a qual a SABIA tem um compromisso que qualificado e publicizado.

BIBLIOGRAFIA

Nabor Jr., 2010 Jackson do Pandeiro: Sua Majestade, o Rei.Maio de 2010. http://www.omenelick2ato.com/musicalidades/jackson-do-pandeiro

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Ihering Guedes Alcoforado
Ihering Guedes Alcoforado

Written by Ihering Guedes Alcoforado

Professor do Departamento de Economia da Universidade Federal da Bahia.

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