A FRENTE EM DEFESA DA DEMOCRACIA: As Meias Verdades de Leonardo Boff (Ihering Guedes Alcoforado)

Ihering Guedes Alcoforado
3 min readNov 5, 2018

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Leonardo Boff na matéria em anexo considera Bolsonaro como a figura que “[…] conseguiu trazer à tona o dia-bólico (que separa e divide) que sempre acompanha o sim-bólico (o que une e congrega) de uma forma tão avassaladora que o dia-bólico inundou a consciência de muitos e enfraqueceu o sim-bólico a ponto de dividir famílias, romper com amigos e liberar a violência verbal e também física.”

Bela expressão retórica: o dia-bolico (que separa e divide) é explicitamente associado ao Bolsonarro e, o sim-bólico (que une e congrega) é implicitamente associado Lula e a a taboa de salvação do lulo-petismo.

Para tornar plausível seu exercício retórico, o primeiro passo é a negação da história política recente. Dado que qualquer pessoa não cega pelo viés ideológica sabe que foi Lula, quem introduziu a dicotomia do “nós e “eles”. De um lado, para evitar o discurso esquerdista da luta de classe, insustentável num governo que patrocinava a maior lambança da historia do Brasil, promovendo empresários a exemplo de Eike Batista e Joelio Batista, como as grandes empreiteiras, para ficar nas mais relevantes.

Leonardo Boff não considera que foi Lula quem promoveu indefinível “nós” contra “eles” com a clara intenção de acuar o “eles”, no que teve sucesso até as manifestações de 2013, quando o “eles” emergiu e enfrentou o “nós” nas ruas e no parlamento. Em seguida parte do “eles” incorporou o anti petismo, a vitória do Dória em São Paulo foi emblemática, pois fundada num ataque explicito e direto ao “nós”, entenda-se ao lulo petismo.

Leonardo Boff está certo quando associa “ o dia-bólico (que separa e divide) a figura de Bolsonaro, o que não é ético da parte do teólogo é falar “meias verdades”, para acobertar Lula, o promotor original do ato dia-bólico em tela. E necessário que se diga que o discurso de Bolsonaro tem como referência valores e princípios invertidos do “nós” caricaturado por Lula e, como qualquer discurso de campanha, esperar para ver como ele se manifesta nos atos.

Leonardo Boff precisa explicar a sociedade brasileira em geral e, a Ciro Gomes em particular, o porque do oportunismo político do PT, teleguiado por Lula. Oportunismo político este manifesto na estrategia de poupar Bolsonaro no primeiro turno e, atacar os fundamentos da candidatura de Ciro, na busca de um segundo ideal: Haddad vs. Bolsonaro, fundado na radicalização do “nós” vs. “eles”.

Leonardo Boff precisa explicar a sociedade brasileira do porque de uma frente democrático liderada pelo PT, um partido com DNA estalinista manifesto na figura emblemática do José Dirceu. Leonardo Boff precisa explicar a sociedade brasileira que Bolsonaro explora politicamente a estratégia dia-bólica criada pelo Lula em torno do “nós” contra ‘eles”. Não só pela estratégia da campanha, mas pela destruição das referências éticas que PT representou historicamente e que norteava a política brasileira.

Enfim, Leoanrdo Boff prestaria um grande serviço a sociedade brasileira com sua “autoridade” se tomasse como premissa para a reinstauração do sim-bolico, que o Bolsonaro, o dia-bólico, é o legitimo herdeiro de Lula, o dia-bolico e, abandonasse da pretensão de fundamentar com belas metáforas teológicas, a artimanha já manjada de uma frente democrática, cujo objetivo é preservar a hegemonia do PT no campo da esquerda.

BIBLIOGRAFIA

BOFF, Leonardo, Frente política ampla em defesa da democracia e dos direitos sociais. Xapuri Socioambiental. https://bit.ly/2Opf5bC

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Ihering Guedes Alcoforado
Ihering Guedes Alcoforado

Written by Ihering Guedes Alcoforado

Professor do Departamento de Economia da Universidade Federal da Bahia.

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